Origens da maçonaria nas denominações

 Conforme a cultura americana quando surgia uma nova comunidade logo se criava um lugar (Meeting House) a fim de que os novos colonos pudessem discutir assuntos penitentes ao interesse de toda a nova colônia[1]. Como não foram diferentes, os emigrados em Santa Bárbara d´Oeste também tiveram o seu lugar de reuniões. Betty Antunes de Oliveira fez uma classificação das comunidades americanas que chegaram ao Brasil devido à guerra da secessão.

 Ela dividiu as comunidades em cinco grupos, onde a comunidade de Santa Bárbara d’Oeste pertencia ao quinto grupo, o qual foi o grupo mais proeminente dentre as comunidades[2]. O que nos importa para o presente trabalho é indicar que foi através dessas reuniões dos confederados do quinto grupo que surgiu o primeiro elemento comprobatório da atividade religiosa da denominação batista no Brasil, os cultos. Cultos iniciados a partir das reuniões da Meeting House.

Uma capela denominada “Capela do Campo” foi erguida dentro da propriedade do Coronel Asa Thompson Oliver em Santa Bárbara d’Oeste A princípio a capela servia para a realização de funerais para os confederados, mas, a partir de então, também começou a ser usada para realizar cultos de religiosos protestantes, inclusive cultos dos batistas. Inicia-se ai formato oficial de um culto denominacional batista

O segundo elemento que comprova a atividade religiosa dos batistas desde o início de sua chegada à cidade de Santa bárbara d’Oeste foi à presença de oficiais da denominação batista liderando os preceitos religiosos da comunidade. No caso desses líderes encontramos destaque nas pessoas dos pastores batistas Richard Ratcliff, Elias Hoton Quilin e Robert Porter Thomas. Abaixo temos uma pequena biografia dos três pastores extraída do livro “História dos Batistas” de J. Pereira Reis:

Richard Ratcliff e Eunice Providence Ratcliff (-1876) chegaram ao Brasil em maio 1867, o grupo dos emigrados dos EUA, dirigido por Frank McMullian. O casal teve cinco filhos, todos nascidos no Brasil. Richard Ratcliff é o filho na fé de Thomas Jefferson Bowem. Sua ordenação aconteceu em 02 de julho de 1860 na Igreja Batista do Líbano, no Estado de Lousiana. O Pastor R. Ratcliff foi aprovado pela Junta de Richmond para ser missionário na África Central. Seu propósito, contudo não foi concretizado. Após a Guerra Cível ele viria ao Brasil. Aqui liderou a organização da Primeira Igreja Batista de Santa Bárbara. A morte de sua esposa Eunice, em 1876, o levou a refazer os seus planos e, em maio de 1878, ele retornou aos EUA levando os cinco filhos. Eunice foi sepultada no cemitério do campo.

Elias Hoton Quillin (1822-1886). Natural do Tennesse. Foi casado duas vezes. A primeira com Elisabeth Plumer, em 1847 e, a segunda com Sarah Elvira Parks, talvez em 1863. Com o regresso do Pastor Richard Ratcliff aos EUA p Pastor Hoton Quilin assumiu o pastorado da Primeira Igreja. Ele exercia o pastorado e o magistério. Foi o Pastor E. H. Quillin o primeiro pastor batista que faleceu no Brasil. Isto foi em 21 de março de 1886. Seu corpo também foi sepultado no cemitério do campo.

Robert Porter Thomas (1825-1897) natural do Alabama. Casado com Emily Perkins o casal teve sete filhos. Foi consagrado ao pastorado no dia 21 de fevereiro de 1871. O Pastor R.P. Thomas chegou ao Brasil em 22 de julho de 1871. Semanas depois, já em Santa Bárbara, fizeram parte das famílias que organizaram a Primeira Igreja Batista. Robert Porter Thomas foi membro fundador da Loja Maçônica George Washington, em 1874. Em 20 de junho de 1880, na Loja Maçônica, foi examinado e consagrado ao pastorado o ex-padre Antônio Teixeira de Albuquerque (1840-1887). Pouco antes ele tinha sido batizado pelo Pastor Robert Porter Thomas num riacho existente naquelas imediações. Faleceu ele no dia 05 de maio de 1897 e foi sepultado no cemitério do campo. A seguir Sepultura do Irmão do pastor Thomas, também maçom


O terceiro elemento religioso presente em Santa Bárbara d’Oeste – e fundamental – que mostra a presença ativa da denominação batista no Brasil foi à fundação oficial da primeira igreja batista no Brasil. Essa igreja foi fundada em 10 de setembro de 1871 em Santa bárbara d’Oeste.[4] Um maior estudo, e detalhado, sobre a oficialização desta primeira igreja esta demostrado no livro de Betty Antunes de oliveira “Centelha em restolho Seco”.

Essa primeira igreja tinha todos os elementos organizacionais necessários da denominação batista, a fim de creditá-la como sendo a primeira igreja batista organizada em solo brasileiro. Seu pastor inicial foi o Ver. Richard Ratcliff. Pastor fundador. Assim o crédito que primeiro pastor batista no Brasil – de forma oficial- recai sobre Ratcliff.

A integridade dos documentos oficiais, de origem, da organização dessa igreja foi comprometida devido ao tempo, porém, há fragmentos de documentos, os quais são plenamente satisfatórios para assegurar que a primeira igreja no Brasil foi de fato organizada na cidade de Santa Bárbara d’Oeste. Abaixo extraímos do livro Betty Antunes de Oliveira uma carta do pastor Ratcliff à junta de Richmond (EUA) solicitando a ajuda dessa para o trabalho missionário no Brasil. Extraímos também uma lista com 29 pessoas que faziam parte do rol de membros desta igreja.


“Pedido de S. Paulo, zz de S. Paulo, Sta. Bárbara, Brasil.


Seja-nos permitido afirmar-vos que, desde o ano de 1865, cidadão do Sul dos EUA vieram para o Império do Brasil, e estão residindo na Província, a saber: S. Paulo, no distrito de Santa bárbara. A maioria deles é de fazendeiros, (proprietários de terras, etc.) e já estabelecidos aqui. A 10 de setembro de 1871, um número deles, vindo de lá com cartas de várias igrejas, uniram-se e organizaram uma igreja na qualidade de Primeira Igreja Batista Missionária Norte-Americana do Brasil, e que ao escrevermos a presente está com vinte e três (23) membros, com um pastor e tantos oficiais como as igrejas batista têm, usualmente. Que 12 de outubro de 1872,  a igreja, sem sessão, aprovou a seguinte proposição, s saber: que os irmãos R. Meriwether, R. Brodnax e D. Davis fiquem incumbidos de se comunicar com a Junta Batista de Missões Estrangeiras, em Richmond, VA, solicitando que seja estudada a vinda de missionários para esta país.


Em sessão da igreja de 12 de outubro de 1872

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